Atualmente sabemos cada vez mais, de cada vez menos, ou seja, o conhecimento encontra-se especializado e compartimentalizado. Todos nós investimos anos da nossa vida em formação, formação essa que continua mesmo durante a vida profissional dada a crescente necessidade de atualização. Infelizmente para muitos, o conhecimento vasto de um tema muito específico dificulta grandemente a capacidade de criação de projetos a nível individual. Assim, a presente ideia visa o desenvolvimento de um espaço multidisciplinar cujo objetivo passa não apenas pela disponibilidade de um espaço físico mas, e acima de tudo, uma grande proximidade com pessoas das mais diversas áreas.

Vivemos numa das cidades mais produtivas no que respeita à criação e desenvolvimento do conhecimento científico. Na verdade, o polo da Universidade do Porto localizado na Asprela foi já considerado o local da Europa com maior densidade de publicações nas mais diversas áreas do conhecimento. Isto retrata a grande competência dos diversos colaboradores das Faculdades mas mostra também um sentido de trabalho muito apurado por parte dos alunos destas mesmas faculdades que participam ativamente na grande maioria dos projetos aqui desenvolvidos. Estes jovens, ávidos por conhecimento, são potencialidades enormes para um pais como o nosso e, como tal, necessitam de uma pequena oportunidade para vingar.

Certo é que existem já diversos locais formais que estimulam o empreendedorismo, desde escritórios individuais, a unidades como os polos de incubação da UPTEC. Contudo, muitas são as pessoas com projetos em fases iniciais, numa fase demasiado precoce para obtenção de um espaço fixo, mas muito promissores se lhes forem concedidas as condições necessárias de trabalho. Assim, um pouco por todo o mundo, começam a surgir os chamados Hackerspaces: locais de livre acesso, geridos por entidades públicas ou privadas, que visam a criação de uma comunidade vibrante de pessoas com as mais diversas competências técnicas e científicas, num clima de entreajuda no desenvolvimento prático de ideias. Estes espaços encontram-se também equipados com maquinaria especializada, de acesso livre mediante aluguer, que reduz os custos para que estes pequenos projetos possam ter um acesso mais acessível a tecnologias de outra forma inalcançáveis pela maioria (impressoras 3D, máquinas de CNC, solda, costura, entre muitos outros equipamentos).

Uma mais valia destes espaços prende-se com a possibilidade de haver membros do staff com competências específicas em diversas áreas e que possam colaborar com os utilizadores em tarefas mais diferenciadas, como programação, metalurgia, eletrotecnia, costura, design, etc.

Numa cidade como o Porto, em que são já as diversas entidades com competências técnicas especializadas, acreditamos que numa primeira fase, um projeto como este deveria estar associado a uma instituição como a Faculdade de Engenharia ou a própria UPTEC, uma vez que têm já o know-how de muitos anos de experiência e acesso fácil ao conhecimento e tecnologia necessárias. Como falámos anteriormente, este espaço poderia ter um local de abertura ao público em geral e outro de acesso reservado, mediante aluguer, onde os utilizadores pudessem ter acesso a máquinas diferenciadas. De notar que uma instituição deste tipo não teria qualquer tipo de fins lucrativos sendo o aluguer das máquinas exclusivamente para custos de manutenção e renovação do material.

Para a criação desta ideia foram contactadas entidades que fazem já algumas coisas semelhantes na nossa cidade. Uma vez que não obtivemos qualquer tipo de resposta, abrimos aqui a possibilidade de estas mesmas entidades partilharem com o público em geral a experiência que tem sido trabalhar na área, as dificuldades sentidas, e as grandes vitórias que foram já certamente alcançadas.

Acreditamos que podemos tornar o Porto numa cidade convidativa aos jovens empreendedores e diminuir a tendência de emigração destes jovens. Na verdade, se investimos tanto no nosso sistema de ensino Universitário, qual a necessidade de enviar mão-de-obra especializada e valiosa para o estrangeiro a custo zero?