Uma cidade europeia do séc. XXI procura ser dinâmica, atrativa e aberta a novas ideias. O Porto não é diferente e por isso tem-se registado uma metamorfose rápida, mas ao mesmo tempo sustentada, daquilo que é o dia-a-dia da “Invicta”, procurando quase sempre manter a identidade e características basilares do estilo de vida portuense.

Entre as várias áreas que têm vindo a ser alvo de investimento, pensamento e mutações, o setor da mobilidade desempenha um papel fulcral na evolução da cidade do Porto. Como bem sabemos, com especial destaque para a zona mais antiga e histórica da cidade, as vias de trânsito tradicionais não dão sempre resposta eficaz ao crescente número de indivíduos, sejam estes habitantes, visitantes ou turistas.  Este facto tem vindo a levar ao crescimento do uso de meios de transporte individual alternativos, como as bicicletas, sejam estas elétricas ou não. No entanto, acreditamos que a cidade pode potenciar ainda mais a utilização deste meio de transporte, numa primeira fase recorrendo à implementação de vias destinadas ao uso exclusivo de bicicletas, como tem vindo a ser feito, mas também procurando formas de facilitar o acesso às bicicletas a qualquer cidadão ou visitante que queira utilizar a mesma.

Objetivo

Assim, propomos a implementação de um sistema de partilha de bicicletas na cidade do Porto, que deverá servir tanto os habitantes e visitantes regulares da cidade como os turistas e outros potenciais e esporádicos utilizadores. Este sistema poderá assumir diferentes formas de funcionamento e é importante que seja competitivo, atrativo e de fácil implementação e utilização.

Porquê ?

A utilização de bicicletas como meio de transporte diário, bem como por razões de lazer, tem vindo a aumentar consideravelmente, nas ultimas décadas, um pouco por todo o Mundo. Este meio de transporte apresenta características únicas que atrai um vasto leque de públicos alvo por variados motivos. A bicicleta é um meio saudável, económico e prático de transporte individual que permite ainda uma fusão com transportes coletivos como o metro, comboio ou autocarros. Estes equipamentos são ainda amigos do ambiente.

Do ponto de vista de um cidadão do Porto, e potencial utilizador regular de um sistema de bicicletas partilhadas, a utilização deste meio de transporte pode significar um estilo de vida mais saudável, uma manhã sem atrasos e trânsito para chegar ao seu local de trabalho, uma poupança considerável ao final do mês bem, entre outras mudanças positivas no seu dia-a-dia.

Já na perspetiva de um visitante esporádico, ou turista na nossa cidade, a existência de um sistema de partilha de bicicletas pode ser um fator extremamente atrativo para estes indivíduos. Em primeiro lugar é importante perceber que estamos a falar de um grupo de pessoas que habitualmente não viaja com uma bicicleta na mala e por isso o facto de ser possível recorrer a um serviço de bicicletas existentes na cidade torna-se muito prático.

Importante também referir que durante a visita turística de uma cidade, o utilizador procura geralmente dois aspetos paradoxais em simultâneo, isto é:

  1. rapidez ao longo da visita, de modo a permitir conhecer um vasto número de locais
  2. elevado grau de conhecimento de cada monumento, zona ou atração que visita.

Com a utilização de bicicletas é possível otimizar a razão entre estes dois aspetos contraditórios permitindo ao turista deslocar-se de forma relativamente facilitada na cidade, estando assim independente do trânsito, estações de metro, tempos de espera de autocarros, entre outros fatores de demora durante a vista, ao mesmo tempo que está a viver de próximo cada metro quadrado do pavimento onde pedala, cada paisagem, cada casa.

Como funciona/Custos associados

Os sistemas de partilha de bicicletas podem assumir diferentes naturezas de funcionamento. Exemplos destes sistemas um pouco por todo o Mundo mostram que tanto é plausível a criação de um sistema totalmente gratuito de partilha, como sistema que funcionam com base em cauções devolvidas no final da utilização como também sistemas onde o utilizador pode pagar um passe de longa duração ou de curta duração, consoante o seu objetivo.

Naturalmente, cada sistema apresenta os seus prós e contras, mas para o caso da cidade do Porto acreditamos que o modo de funcionamento ideal consistia num modelo pago em que o utilizador de longa duração, como um habitante da cidade, poderia pagar um passe anual na ordem dos 35 a 45 euros e um utilizador de curta duração, um turista, poderia pagar algo como 3 a 5 euros por dia de utilização da rede de partilha de bicicletas. Assim, o investimento necessário era sem duvida mais reduzido e seria possível dedicar mais verbas à gestão e manutenção do próprio sistema.

A utilização do corpo das bicicletas como plataforma publicitária seria também um fator a ter em consideração na criação do sistema, dado que a venda desse espaço publicitário poderia também permitir reduzir o dispêndio de fundos.

De referir que consideramos que este projeto deve ser iniciativa da câmara municipal do Porto em parceria com uma entidade privada que implementaria e iria gerir o sistema. Uma sugestão para o “naming” deste sistema poderia ser “ Bicicleta. , à imagem das mais recentes utilizações da marca desenvolvida pela CMPorto.

Naquilo que diz respeito à distribuição de locais de deposito de bicicletas, consideramos que estes devem ser distribuídos um pouco por toda a cidade com especial relevância nas zonas de maior concentração de atrações e de habitações como por exemplo a Zona Histórica e Baixa do Porto, Ribeira, Foz do Douro, Boavista, entre outras.

Finalmente, seria importante desenvolver este projeto em comunicação permanente com as variadas redes de transportes públicos de modo a otimizar a posição dos locais de depósito e recolha das bicicletas bem como a facilitar acessos ao sistema do metropolitano e autocarros para os utilizadores de bicicletas. Também seria importante o desenvolvimento de uma aplicação mobile que fornecesse informações dos locais onde haveriam bicicletas disponíveis bem como onde poderiam ser devolvidas assim como permitir um sistema rápido de pagamento dos passes de utilização.