Na génese do diploma legal no qual o Governo reforçou a importância da prioridade no atendimento, tornado-o mais eficiente, vislumbra-se a identificada necessidade de uma maior regulamentação de pequenos aspetos que, no seu conjunto, constituem uma melhoria significativa na vida em concreto de cada cidadão.
A concretização quanto aos grupos mais fragilizados, e os mecanismos de salvaguarda destes e daqueles menos frágeis, foram sem dúvida uma preocupação bem patente no texto legislativo.
Veja-se, a título de pensamento que originou essa iniciativa por parte do Executivo, o que dispõe o preâmbulo do Decreto Lei:
“ A igualdade de oportunidades, definida pela ONU como «o processo pelo qual os diversos sistemas da sociedade e do meio envolvente, tais como serviços, atividades, informação e documentação, se tornam acessíveis a todos e em especial, às pessoas com deficiência», implica por parte dos Estados um compromisso com medidas de política que garantam a efetividade desse princípio. A generalidade dos estudos nacionais e internacionais têm comprovado uma acentuada discriminação do acesso das pessoas com deficiência ou incapacidade aos mais variados contextos da sociedade. Da mesma forma, outros públicos em situação de vulnerabilidade, nomeadamente em razão de uma condição de idade avançada, gravidez ou quando acompanhados por crianças de colo, também devem merecer uma especial atenção neste domínio.
(…) Pese embora as medidas de boas práticas adotadas por diversos prestadores de serviços e fornecedores de bens do setor privado, o facto de a obrigatoriedade do atendimento prioritário ser circunscrita ao setor público administrativo determina, na maioria das vezes, atuações arbitrárias traduzindo uma completa desproteção das cidadãs e dos cidadãos com necessidades de atendimento prioritário.”.
Transpondo esta iniciativa para o Porto, é igualmente possível identificar pequenos detalhes e circunstâncias que, se ultrapassadas, poderiam significar uma melhoria da rotina diária dos Portuenses e de todos os que os visitam.
Esta ideia pretende ser o início de um pequeno número de exercícios a que nos propusemos trabalhar, melhorando, através de pequenas mudanças, certos pormenores que, no seu conjunto, melhorarão o dia a dia de todos quanto residem ou visitam a Invicta.
Na proposta que ora vos trazemos, centramo-nos nos transportes públicos, nomeadamente no metro.
Atualmente, a dinâmica da vida moderna, mais propriamente nas cidades, impõe um ritmo quase frenético aos seus habitantes. De facto, para se conseguir cumprir com os compromissos profissionais, e ainda os pessoais, num qualquer dia da semana de trabalho, todos os minutos contam, desde que o dia começa até que o conseguimos dar por terminado.
É assim, não essencial, mas bastante importante, pensarem-se os pormenores que facilitam as nossas tarefas diárias.
No centro da vida de milhares de pessoas está presente, desde manhã até ao final de cada tarde, uma necessidade imperiosa: a sua deslocação.
Para irem de casa à escola dos filhos; ou de casa ao trabalho diretamente; ou do trabalho para casa, de modo a chegar a tempo de tratar das lides domésticas;
Em cada um, e em todos estes cenários, as pessoas necessitam de transporte rápido e eficiente, que as leve a cumprir os mais diversos e apertados horários que se lhes apresentam durante o dia a dia.
Questão Central: Da necessidade.
À primeira vista, parece absurdo sequer abordar-se esta temática.
De facto, em transportes como automóveis/motas, a pessoa é livre de conduzir os mesmos a qualquer momento, tendo apenas de se preocupar em antecipar o possível trânsito no percurso que irá percorrer.
No entanto, quando falamos do metro ou autocarros, transportes utilizados na malha interurbana, há algumas pequenas preocupações acrescidas.
A principal é a assuidade dos mesmos, e nestes tem-se forçosamente de excluir, à luz da proposta ora apresentada, os autocarros. Estes, devido ao trânsito que encontram nos seus percursos definidos, podem tanto chegar na hora prevista, como quarenta minutos depois.
Já no metro, o cenário é diferente. Os tempos de espera para cada linha não são grandes, e como não têm outros obstáculos à circulação não falham, salvo raras ocorrências de imprevistos, os horários de chegada a cada estação.
Ora, no Porto, excluindo as estações de interface entre linhas, os metros demoram uma média de dez minutos a servir os utentes de cada linha distinta.
Dez minutos que, num dia de descanso ou menos apertado, não fazem muita diferença ao utente, podendo perder a oportunidade de entrar num metro e esperar dez minutos pelo próximo.
É na azáfama do dia a dia, em que cinco minutos fazem enormes diferenças em quem tem dezenas de micro tarefas e horários a cumprir, que estes tempos de espera fazem toda a diferença.
A Realidade Local
Contrariamente ao que acontece há várias décadas, tanto em Portugal (Lisboa) como no estrangeiro, nomeadamente nas cidades maiores e aonde milhares e milhares de pessoas recorrem simultaneamente ao metro para satisfazer as suas necessidades de deslocação, o Porto tem, para além de uma rede de metro muito mais recente, uma nova dinâmica que lhe importa acompanhar.
De facto o Porto, ainda há dez anos atrás com o seu Centro algo abandonado e decrépito, encontra-se hoje cheio de turistas, ruas e edifícios renovados, e possui uma atratividade que, espera-se, venha ainda a ser maior neste novo ano de 2017.
Acontece que, como em pequenos outros detalhes, o Porto ainda não se habituou a esta dinâmica, a esta azáfama constante de realidades diferentes que se cruzam e chocam num único ponto: o metro.
É, pois, nas estações subterrâneas, que o problema se adensa!
As pessoas, de modo a chegar à superfície ou a dirigirem-se para os metros nos pisos inferiores, têm apenas ao seu dispôr corredores dotados de escadarias: as de uso tradicional, ultrapassadas pela locomoção humana; as mais modernas, que rolam sobre mecanismos automáticos e permitem a deslocação sem uso de esforço pessoal.
Tanto em Lisboa, como em cidades como Londres ou Paris (poderiam-se citar muitas outras, só na Europa), uma maneira algo eficiente de as pessoas evitarem constrangimentos na sua deslocação, em horas de ponta, é a de seguirem normas muito simples, e que já automaticamente cumprem por bom senso e repetição de conduta.
Todos os dias, a qualquer hora, os utentes com maior pressa em entrar no metro que acaba de entrar na estação subterrânea, correm pelas escadas (rolantes e tradicionais), muitas vezes munidos das suas pastas ou mesmo malas de viagem enormes, utilizando para esse efeito o lado esquerdo em todas as escadas que se lhe apresentam no seu percurso até ao metro.
De igual forma, todos aqueles que ainda conseguem apanhar o metro seguinte, ou cujo metro noutra linha ainda demora uns quatro ou cinco minutos, deslocam-se (escadas tradicionais) ou param encostados (rolantes) no lado direito de cada um dos lances de escadas que lhes moldam o percurso.
Este modo de circulação é especialmente útil quando, por exemplo, um jovem universitário, correndo escada abaixo para apanhar o metro dali a trinta segundos, que o levará a chegar a tempo à aula na faculdade, se depara repentinamente com um grupo de pessoas idosas, ou de mobilidade reduzida, ou até (hoje muito provável na Invicta), um grupo de turistas que, numa escada rolante, conversam em grupo numeroso, e suas respetivas malas (ou malões!!) de viagem.
Para evitar tais problemas, existem em várias redes de metro mundiais, como as já elencadas, que expressamente colocam avisos escritos, recorrendo até a códigos de cores (vermelho e verde, normalmente), para que em cada lance de escadas (rolantes ou não), as pessoas reconheçam no imediato da necessidade de, não estando em movimento, ou estando em movimento lento, se encostarem o mais à direita possível, juntamente com eventuais objetos grandes que carreguem consigo.
Deste modo, as pessoas que chegam a correr, ou em passo muito apressado, podem rapidamente percorrer os lances de escada e alcançar os seus metros de destino.
Esta melhoria, apesar de não muito significativa, representa uma mais proveitosa utilização do tempo disponível nos dias de maior atividade profissional, e permitirá um maior conforto às pessoas. Tanto a nível de circulação em horas de maior afluência nas estações subterrâneas do metro; como a nível do planeamento das suas várias viagens durante o dia de trabalho, que passará a ter uma maior “folga” nestes momentos mais críticos do dia a dia (o tempo despendido entre o local aonde a pessoa se encontra, e o local aonde a pessoa tem de estar em determinada hora).
Custos Associados
Esta ideia, como já se encontra implantada em metros com uma rede de maior “maturidade” do que a do Porto, permite avaliar, com um maior índice de certeza, do possível custo da sua implementação na nossa rede de metro.
Assim, o maior custo seria o da impressão e colagem dos avisos (com códigos de cores, preferencialmente), em cada lance de escadas (tradicionais e rolantes), de cada uma
das estações subterrâneas da linha do metro no Porto.
Custos algo diminutos em termos de valor concreto que, face às mais valias identificadas acima, facilmente se afigurariam plenamente justificados!
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