“A César o que é de César, e aos Portuenses o que é do Porto” – uma simples afirmação que tem na base uma ideia que visa a partilha dos dados atualmente gerados e armazenados na cidade Invicta. Surgiria assim uma nova vaga de ferramentas e serviços, criados com base na boa utilização e divulgação da mais diversa informação, desde a localização geográfica de todos os ecopontos da cidade, ao sentido de voto dos deputados municipais nas Assembleias municipais.

Todos os anos recolhemos cada vez mais dados sobre as nossas cidades, os seus habitantes e os seus trabalhadores. Todos os anos instalamos cada vez mais sensores que monitorizam o fluxo de tráfego, a energia consumida, a pluviosidade, etc. Todos os anos criamos mais informação em tabelas informáticas, em bases de dados de carácter local ou mesmo nacional; infelizmente toda esta informação fica acessível apenas a alguns, em vez de ser partilhada com toda a população.

O conceito de open data advém da crença que certos tipos de dados devem ser partilhados de forma livre com todos, sem qualquer tipo de restrições. As entidades públicas, para a prossecução das suas funções, não têm interesse em deter de forma exclusiva este conteúdo, visto que a função que desempenham é apenas exercida pelas próprias instituições. Desta forma não têm prejuízo, de qualidade de serviço ou financeiro, na libertação em bruto dos mais variados dados que recolhem, desde que a privacidade dos munícipes esteja assegurada.

O seguimento desta filosofia leva a vários benefícios:

  • Alimenta a democracia local, porque possibilita que os munícipes tenham acesso a mais informação sobre a evolução das suas cidades, através da criação de objetivos e metas públicas assentes em dados estatísticos.
  • Permite que a informação seja partilhada com mais rapidez e com melhores padrões de usabilidade para todos os organismos públicos, por forma a ser compatível com os diversos tipos de infraestruturas em que têm de operar. É bastante diferente quando dados que não violam a privacidade de ninguém, estão todos no mesmo sistema, do que quando estão de forma parcelar em sistemas diferentes de instituições diferentes.
  • Desencadear nas cidades novas ideias e soluções a partir da análise criativa dos dados disponibilizados. Libertando valor comercial.

Tendo em conta o que já é feito em cidades por todo o mundo, damos alguns exemplos:

  • Acidentes com peões- A cidade de São Francisco utilizou os dados referentes aos acidentes com peões, que após colocados em mapa, mostraram quais as zonas prioritárias para a intervenção na segurança de peões. Quando ao mesmo tempo colocaram em mapa os investimentos que estavam a ser feitos nas vias, nos anos mais recentes, aperceberam-se que não existia quase nenhuma sobreposição.
  • Pequena criminalidade- A divulgação de informação georreferenciada sobre eventos de pequena criminalidade ajuda, ao longo do tempo, para que as autoridades e munícipes criem planos de combate mais eficazes, focando mais recursos (por exemplo rondas mais frequentes das patrulhas) nas zonas que mais precisam.

Possibilita também a desdramatização ou estigma que assola algumas regiões vistas pela sociedade como criminalmente profícuas, mas que na verdade não o são, ou deixaram de o ser ao longo dos anos.

O que já é feito?

Em Portugal o movimento começa a ganhar dinâmica. O governo Português criou e mantém um site onde partilha diversa informação dados.gov.pt

Depois existem grupos de cidadãos muito activos na reivindicação de acções deste género, podem conhecer actividades e descobrir mais sobre o caso específico português em transparenciahackday.org[l1]

Exemplos Internacionais:

NYC Open Data

Nova Iorque realiza todos os anos um concurso para a utilização das temáticas Open Data na cidade. O BigApps vai na quinta edição, e incentivou a criação de varias aplicações e empresas que utilizam este conceito de open data. Em 2013 os vencedores criaram uma aplicação para smartphones que referia quais eram os locais onde os utilizadores podiam comer uma refeição saudável nas redondezas.

Descobrir mais:

Open Knowledge Foundation

Dados Governo Português