Com o passar dos anos temos ficado cada vez mais interconectados com outras sociedades, importando cada vez mais tradições, expressões, ideias, gastronomia, etc.. Embora seja saudável e economicamente justificável em muitos casos, temos cada vez menos disponibilidade para o que é Português.

Um campo em que temos notado isso é na cultura musical e na sua expressão na Cidade. Se já é perfeitamente normal a música dentro dos estabelecimentos privados centrar-se  nos sucessos em Inglês ou em Português do Brasil/Angola, também passou a ser normal ser esta a sonoridade dos eventos públicos. A bem da verdade temos de dizer que é conjugada também com uma pequena amostra de artistas Portugueses e Portuenses do panorama da música pop, no entanto a protecção das tradições não se tem verificado.

Compreendemos que as forças de mercado são fortes, e a vontade dos consumidores é mais direccionada para esses estilos, mas quando estamos a falar de dinheiros públicos acreditamos que tem sentido apostar mais na música tradicional portuguesa na programação cultural oficial.

O processo de globalização esta a tornar as cidades cada vez mais parecidas umas com as outras: as lojas, museus, gastronomia, arquitectura e serviços vão sendo padronizados cidade após cidade, eliminando aos poucos os factores diferenciadores. Temos assim não só pela preservação da nossa cultura, mas também tendo em conta o interesse turístico e económico, de encetar esforços para preservar as tradições e até mesmo quando possível recuperar tradições entretanto esquecidas.

Numa região que tem tradição no Fado, no Folclore, nas Tunas, etc, queremos ver estilos de música com uma presença mais assídua nos eventos organizados com meios públicos.

No contacto com algumas organizações do sector descobrimos que muitas vezes prestam estes serviços sem receber pagamento pela deslocação e alimentação, e nem ousam falar em cachet. É também por aqui que o problema tem de ser resolvido: o respeito pela musicalidade portuguesa tradicional tem de ser principalmente através do pagamento das actuações em moldes similares aos que seriam oferecidos a outros tipos de artistas. Promovendo assim os bons grupos.

Esta ideia é divulgada no dia 27 de Novembro de 2014, o dia em que a UNESCO elegeu o cante alentejano como Património Imaterial da Humanidade.