A cidade do Porto tem-se assumido como um destino turístico de excelência e, como tal, é necessário diminuir a “distância” que existe entre o turista e o cidadão residente. Desta forma, o voluntariado dirigido aos turistas pode ser uma oportunidade de transmitir o bom acolhimento característico dos habitantes da Invicta, e uma forma de garantir o sentimento de conforto e inserção ao turista.

O concelho do Porto registou nos últimos anos um aumento exponencial do número de turistas, crescimento esse que, segundo as previsões do Turismo de Portugal, promete continuar nos próximos anos. Conjuntamente, desde 1996, o Porto beneficia da classificação como Património Cultural da Humanidade, uma distinção atribuída pela UNESCO; ainda, a cidade Invicta foi também distinguida como melhor destino europeu no ano de 2012 e repetiu a proeza no presente ano de 2014.

Um dos indicadores mais fiáveis para registar este crescimento são as dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, onde foram registadas 1.513.311 dormidas no ano de 2008, valor que sofreu um incremento em 2012 para 1.815.157 dormidas, sublinhando que 1.260.077 são hóspedes estrangeiros.

A manutenção sustentada deste perfil de crescimento tornará necessárias uma série de medidas a serem levadas a cabo quer pela autarquia, quer pelos cidadãos. Assim, sugerimos aqui que uma dessas medidas possa ser a criação de uma equipa de voluntários focados na inserção do turista na cultura e com o objetivo último de tornar a experiência turística na Invicta como algo a repetir e recomendar.

E que benefícios adviriam para os participantes no projeto de voluntariado? Como o próprio nome indica, a realização pessoal seria um dos melhores benefícios a retirar do projeto. Ainda, o trabalho com os turistas enriqueceria também a capacidade de relacionamento interpessoal e, consequentemente, seria uma mais-valia na experiência do indivíduo. Certificados de participação com valorização no Curriculum Vitae e descontos em serviços na região como transportes públicos poderiam ainda servir como incentivos à adesão ao projeto. De notar que a necessidade de conhecimento de uma ou mais línguas estrangeiras poderia ser aferido através de uma articulação com as diferentes escolas de turismo do Porto, responsáveis por reconhecer nos candidatos a capacidade de desempenhar as funções para as quais se candidatam ou de indicar alternativas para obtenção desses mesmos requisitos.

Os voluntários poderiam desempenhar diversas funções, desde “embaixador da cidade”, com o fornecimento de informações acerca da rede de transportes públicos, dos principais locais a visitar e dos eventos a decorrer durante a estada do turista, a “guia turístico”, acompanhando o turista aos principais locais de interesse e relatando alguns dos mais interessantes factos históricos e culturais. Estas ações poderiam decorrer nas mais movimentadas ruas da cidade, em postos móveis de atendimento, e ser recomendado nos diferentes hotéis.

Exemplos no estrangeiro

Vários são os exemplos internacionais que demonstram a viabilidade e utilidade da ideia por nós apresentada.

Em Melbourne, na Austrália, existem projetos de voluntariado dirigidos ao turismo, em que os participantes desempenham funções de informadores acerca de eventos e locais a visitar, ou colaboram nos centros de turismo já existentes com o objetivo de melhorar o serviço prestado ao visitante. Em Londres, o projeto “Team London Ambassadors” visa o apoio personalizado ao visitante e tem ainda um importante papel nos eventos de destaque da cidade.