Algumas infraestruturas, como centros e galerias comerciais, na cidade do Porto, já tiveram tempos áureos de sucesso. Contudo, a degradação das mesmas aliada à abertura de espaços mais modernizados e com melhores condições, acabam por tornar obsoletas as infraestruturas que outrora tão bem serviram os cidadãos da Invicta. Estes espaços, limitados pela arquitetura de base e pelas condicionantes dos locais adjacentes podem já não permitir a reabilitação como estruturas dentro da mesma área de atividade; contudo, muitas são as possibilidades que se abrem se pensarmos em algo diferente, algo como ateliers e oficinas, multi-facetados e vocacionados para as mais diversas áreas.

Todos nós já nos deparamos com espaços devolutos que outrora concentravam em si uma fatia importante da atividade comercial da Cidade do Porto. Pensamos em locais como o Centro Comercial Brasília, a rua de Cedofeita, o Centro Comercial STOP, o Complexo Comercial Dallas, entre muitos outros. Felizmente, iniciativas foram já tomadas para renovação destes espaços, nomeadamente o Centro Comercial STOP que é hoje um local de acolhimento de projetos musicais em fase de iniciação. Como este exemplo de sucesso, outros poderiam ser criados.

Surge assim a nossa ideia que visa o aproveitamento de espaços, como espaços multi-facetados, abrangendo os mais diversos setores de atividade desde ateliers de moda a oficinas de joalharia e relojoaria; de estúdios de música a salas de trabalho e formação e até quem sabe espaços dedicados à exposição de arte dos mais diversos artistas da cidade do Porto. Se a isto conseguirmos aliar preços de aluguer comparativamente mais baixos ao atualmente disponível estaríamos perante um estímulo importante ao desenvolvimento cultural e económico de diferentes regiões da cidade. Estaríamos também a proporcionar aos mais jovens uma possibilidade de explorar o seu trabalho, de demonstrar as suas mais-valias e, acima de tudo, a proporcionar uma oportunidade aqueles que estão ainda a começar e, dada a conjuntura económica atual, não têm recursos económicos para sustentar a sua atividade ou capacidade de recorrer a ajudas para tal.

Se pensarmos na situação atual em que encontramos grande parte das superfícies comerciais nos locais acima referidos, facilmente percebemos todos os pontos positivos que adviriam de uma maior ocupação. A abrangência de diversos setores de atividade aumentaria o público-alvo e, consequentemente traria benefícios aos estabelecimentos que ainda resistem. Certo é que tudo isto terá custos associados mas caberia aos atuais proprietários dos espaços perceber até onde compensa um pequeno investimento de remodelação face a uma maior possibilidade de ocupação. Ainda, parcerias poderiam ser estabelecidas para com oficinas de serralharia, vidraria ou mesmo mecânica para financiar parcial ou totalmente algumas das alterações necessárias, recebendo em troca um local, por um período a determinar, onde pudessem trabalhar e expor publicamente o seu trabalho.

Conforme referido previamente, não precisamos de ir muito longe para ver um exemplo de sucesso. Na nossa cidade, o Centro Comercial STOP, passou já por momentos áureos e por outros de penumbra; contudo, para lidar com estes últimos foi pensada uma remodelação e este local encontra-se atualmente com uma taxa de ocupação perto de 100%, fruto da reestruturação que foi feita para alojar projetos musicais em fases iniciais.

Concluímos dizendo que as crescentes pressões da sociedade podem estar a aniquilar algumas mentes brilhantes que, por falta de recursos e apoios, podem não conseguir explorar as duas verdadeiras capacidades. Desta forma, acreditamos que é importante conceder uma oportunidade a todos e, quem sabe, sermos surpreendidos quando menos esperamos.

 

A Foto que ilustra esta ideia foi gentilmente cedida por Artur Caiano, da série “A Casa das Coisas” – episódio 1.